Escrever
sobre o amor é tão bom. Existem tantos tipos de amor, amores verdadeiros,
amores fraternos, amor incondicional, amor de Deus, amor de interesse, amor,
amor, amor...
Isso
me faz pensar no quanto as pessoas deixam de ser quem eram para viver um grande
amor, só que ninguém muda, assim acabam acordando para a realidade e percebem
que nunca foram amados, simplesmente idealizaram aquele amor.
Há
ainda pessoas que se submetem a se denegrir, se machucar, vivem sofrendo
decepções umas atrás de outras para acharem um amor.
Assim
vou pensando em uma mulher chamada Maria Clara, estatura mediana, morena chara,
olhos castanhos claros, uma mulher de uma família simples. Enquanto estudava o Ensino
Médio, Maria já ouvia as aventuras amorosas de suas amigas, mas não era o que
procurava. Não era uma santa, mas também não gostava de sair com um aqui, outro
ali, tinha dentro de si uma vontade de quando fosse para se entregar a alguém,
seria por amor e não simplesmente para viver uma experiência.
Assim
se formou, arrumou um emprego como auxiliar em um escritório, pois sonhava com
a faculdade de administração, ali de tudo fez um pouco.
Começou
a fazer a faculdade aos vinte e dois anos, quando conseguiu fazer uma poupança
para poder bancar seus estudos. Já estava no segundo ano quando conheceu Carlos,
um comerciante na área de calçados.
Para
Maria Clara foi amor a primeira vista. Carlos, por sua vez, não notou que
estava sendo olhado; conversando com o dono do escritório notou aquela mulher e
perguntou:
-
Senhor Paulo, quem é essa moça que está sentada naquela mesa?
-
Carlos, é Maria, uma excelente funcionária que está conosco há três anos.
-
Ela é casada?
-
Não, Carlos, mas esqueça. É uma moça muito séria.
-
Desculpe, senhor Paulo, só fiz uma pergunta.
-
Mesmo porque, Paulo, sua vida de boêmio e gandaia não combinariam nada com um
namoro sério.
-
O senhor tem razão, mas sei que quando encontrar a pessoa certa, tudo isso vai
acabar. Vou indo... Por favor, senhor Paulo, examine aqueles papeis que trouxe
e me dê um parecer o mais rápido possível.
-
Ok, deixa comigo, Carlos, qualquer coisa te ligo o mais breve.
Quinze
dias se passaram e o senhor Paulo ligou para Carlos:
-
Carlos, por favor, você poderia vir até o escritório, precisamos conversar
sobre demissão que você me trouxe.
-
Hoje estou cheio de trabalho, senhor Paulo, amanhã estaria bom para o senhor?
-
Ok, estarei esperando. Ficarei no escritório o dia todo.
No
outro dia Carlos estava no escritório logo pela amanhã para conversar com
senhor Paulo e logo notou Maria, trocaram olhares, um sorriso de Maria Clara
meio tímido, mas Carlos realmente mexeu com ela.
O
tempo foi passando e mais vezes Carlos foi ao local de trabalho dela, com o
tempo começou a mandar flores, chocolates, alguns mimos e ela foi se encantando
com tudo.
Um
dia o senhor Paulo falou com Maria Clara sobre o jeito de Carlos, mas ela já
estava tão apaixonada e acreditou em uma mudança de hábito. Carlos convidou-a
para sair, ela aceitou e assim a pediu em namoro.
Com
o tempo Carlos foi cada vez mais ganhando a confiança de Maria, mostrando que
estava apaixonado também e que não tinha mais vontade de ter a vida de antes,
queria construir uma vida com ela.
Seis
meses depois Carlos convidou Maria para morar juntos e ela aceitou. Carlos
pediu para que Maria saísse da faculdade, queria ter mais tempo com ela, mais
uma vez ela aceitou sem pensar.
Carlos,
após três anos, começou a demonstrar desmotivação e conversou com Maria Clara
que precisava tirar um tempo para ele, sair com os amigos, fazer algo diferente
para não ficar com o casamento na mesmice.
Mais
uma vez Maria clara aceitou, achando que ele estava certo. Certa noite veio com
a camisa manchada de batom e Maria Clara ficou muito triste, chorou e perguntou
por que ele estava com a camisa manchada. Carlos disse que no barzinho que ele
foi tinha algumas funcionárias juntos com os maridos e ao cumprimentar talvez
manchou, jurou que nada havia acontecido, Maria clara aliviou-se e ficou bem.
Tudo
isso durou dois anos. Completando então cinco anos que estavam juntos, Maria
Clara foi ao médico e ao chegar em casa encontrou Carlos com um semblante
sério, mas Maria Clara estava com um sorriso que nunca tinha tido antes,
abraçou Carlos e disse:
-
Preciso falar com você, meu amor.
-
Eu também, Clara.
-
Diga então você primeiro.
-
Clara, eu estou indo embora, quero ter minha vida de volta, eu tentei, mas não
consegui, já fiz minhas malas.
-
Mas Carlos, deixe eu te contar uma surpresa.
-
Olha, Clara, não quero nem saber. Acabou e você precisa aceitar.
-
Mas Carlos...
-
Adeus, Clara.
Aquela
noite Clara chorou sem parar, seu grande amor estava indo embora e nem quis
saber o que queria dizer.
Tudo
isso hoje passava na cabeça de Maria Clara, ela recebeu uma carta de Carlos
querendo falar com ela, o estranho que o local era em um hospital. Nem sabia o
que fazer, cinco anos se passaram depois que ele foi embora, nunca mais ouviu
falar dele e agora ele do nada mandou uma carta.
Chegou
ao hospital com muita dificuldade e deu o nome inteiro dele, ficou sabendo que
estava em uma CTI, já sabiam do caso dela e autorizaram.
Chegou
e viu uma pessoa totalmente debilitada, nem sabia o que fazer, foi chegando
devagar.
-
Olá, Clara, como está?
-
Estou muito bem, só não entendo porque depois de tanto tempo resolveu me ver e
ainda em um local assim.
-
Bem, Clara, já deu para perceber que não estou bem. Queria poder me redimir com
você, te pedir desculpas, por tudo que fiz você passar.
-
Não acha um pouco tarde para isso?
-
Acho que sim, mas mesmo assim precisava. As noitadas, bebidas, gandaias,
mulheres me trouxeram aqui, aliás, pensando assim, fui eu mesmo que fiz esta
escolha.
-
Carlos, eu vim aqui para poder te ver novamente e ver o que sentiria. Vivi tudo
de novo, nossos cinco anos juntos, quão tola fui ao acreditar em tudo que me
dizia. Eu te amei muito, Carlos, e até hoje de manhã ainda acreditava nisso,
não consegui me envolver com ninguém, sempre havia seu fantasma.
-
Clara?
-
Ainda não acabei. Naquela noite em que me deixou eu queria te dizer algo e você
não deixou, se lembra?
-
Sim, me lembro, o que era?
-
Agora se importa em saber? Bem, deve saber sim, não por você, mas por ele.
-
Por ele? Do que fala?
-
Do seu filho, Carlos, naquela noite queria te dizer que estava grávida de dois
meses.
-
Oh! Meu Deus, o que fiz da minha vida!
Carlos
neste momento chorou muito, mas Maria Clara continuou.
-
Não se preocupe, ele esta sendo muito bem criado, meus pais me ajudaram,
continuei minha faculdade e hoje formada tenho um emprego muito melhor, tenho
meu próprio apartamento e Eduardo é uma criança linda e doce.
-
Clara, como posso consertar tudo isso?
-
Não pode, agora é tarde, só quero que você não me chame mais, que você se
recupere, você tem muitos amigos, os mesmos com quem me trocou, eles vão cuidar
de você.
-
Clara, você sabe que tenho posses.
-
Não interessa nada seu, aliás, se quiser fazer algo, faça pelo nosso filho, ele
me pergunta muito por que ele não tem pai. Não quero que ele sofra como eu, que
ele estude e seja alguém, que ele valorize esse alguém e não faça e não viva
como o pai. Sinto muito por você estar
assim, Carlos, mas hoje não posso fazer nada por você.
-
Clara, vou pedir para meu advogado te procurar, quero registrar o menino no meu
nome, Eduardo, né? Ele será meu herdeiro. Só preciso do seu perdão.
-
Está perdoado e espero que se recupere, nunca deixe de acreditar que para Deus
nada é impossível, pois tudo que sou hoje devo a Ele. Bem, vou indo, Carlos,
espero seu advogado, mas deixo claro que não quero nada para mim.
-
Tudo bem, Clara, espero que seja feliz.
Maria
Clara saiu da sala, foi direto para a rua, ao chegar fora, chorou amargamente,
não desejava esse fim para aquele que um dia foi seu grande amor.
Andando
na rua começou a se sentir livre, todo o peso que carregara anos foi embora,
estava pronta para viver de novo, seu filho teria um pai.
Passaram
seis meses e seu filho estava registrado com o sobrenome do pai e ficou sendo
único herdeiro de Carlos. Este sobreviveu a cirrose hepática, mas ficou com
sequelas, não podendo colocar nenhuma gota de álcool na boca. Nunca mais procurou
Maria Clara, mesmo descobrindo que perdeu um grande amor e uma grande mulher.
O
tempo foi passando e Maria Clara vivendo sua vida, abriu seu coração para outra
pessoa, sua vida está mais plena e descobriu algo: que seu passado serviu de
experiência, agradecendo sempre pela vida de Eduardo.
Assim
é a vida: cheia de surpresas boas e ruins, mas nunca devemos deixar de
acreditar que o amor existe, está a todo momento na nossa frente; e nunca
deixar que alguém tire nossa identidade.
Ame
e seja você mesmo, quem te amar vai te amar pelo que é e não pelo que esta
pessoa quer, se isso acontecer, será feliz.
Só
não deixe de amar.
03/10/2014 - Edmary
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