Todos nós sempre
temos pessoas que marcam nossas vidas e as que mais marcaram até hoje, com
certeza, são pessoas que fazem ou fizeram parte do meu convívio familiar. Lembro-me
ainda criança com mais ou menos cinco anos, fomos morar na casa de minha avó
materna, eu, minha irmã mais velha e meus pais.
Uma mulher
baixa, de cabelos ruivos da cor do sol, pele bem clara, cheia de vontade de
viver, que saiu da Itália em uma época de guerra e veio para o Brasil com
quatro anos de idade, veio com seus pais e suas duas irmãs: Maria e Amélia.
Morávamos em
bairro, mas ao redor tinha algumas chácaras, minha avó nos levava muito nestes
lugares, amávamos comer amoras silvestres, às vezes encontrávamos um pé de
jabuticaba ou apenas ficávamos vendo lindas paisagens.
Elizabete, esse
era o nome daquela mulher que gostava de contar histórias de terror, ficávamos a
sua volta ouvindo, confesso que depois eu ficava morrendo de medo, mas era
gostoso ouvir tantas histórias; cantava para nós.
Uma das coisas que
minha avó amava era comer, digo comer porque ela era uma senhora obesa, creio
que foi um dos motivos que fez com que ela tivesse tantos problemas de saúde,
ela não fazia regime contra diabetes, pressão alta, colesterol, ela amava era
comer de tudo, sorvetes, pães, todo tipo de massa, refrigerantes, mas para ela
isso era um tipo de alegria.
Lembro-me quando
eu sentava de frente para ela em uma escada que tinha na porta da sua cozinha,
enquanto esperava meu avô chegar do trabalho, ficava ali sentada em uma cadeira
para preparar a janta para ele; lembro-me, ainda, de seus cochilos que era um
terror para meu coração: tinha medo dela cair da cadeira, então eu não arredava
o pé de perto dela.
Mas ela trazia
alegria para nossas vidas, em algumas datas eram colocadas as mesas para fora e
ali existia fartura, todo tipo de comida. Eu, minha irmã e nossos primos éramos
só alegria, todos os filhos reunidos nas mesas, era só alegrias; via-se como
ela amava seus netos.
Infelizmente
minha querida vozinha foi-se embora cedo, com cinquenta e quatro anos, foi um
baque para todos. Ela era a união da família, a nossa alegria.
Hoje ela é uma
das minhas lembranças mais bonitas, aqui só escrevi poucas palavras diante de
uma pequena mulher que fez uma diferença tão grande em nossas vidas e que até
hoje faz uma falta inestimável.
As festas nunca
mais foram iguais depois que ela se foi, até que se tentou, mas nunca voltou
porque ali faltava a matriarca. Todos nós crescemos, nossas vidas mudaram, cada
um seguiu seu caminho, sei da falta que ela faz bem de perto, em um coração tão
generoso que é o da minha mãe, às vezes parece que minha avó foi ontem,
explicável sendo uma filha que mais conviveu com minha avó.
O tempo passou e
vamos caminhando, só não poderia deixar de fazer uma pequena homenagem a essa
mulher maravilhosa de cabelos vermelhos, como a cor do sol, que só deixou o que
tinha de melhor, o AMOR.
15/07/2014 - Edmary
Um comentário que não é meu: Que sua avó tinha um enorme coração! e se é certo que as crianças escolhem os seus lares. você a escolheu! Sinto-me emocionado, lembro-me da minha avó a Amélia! Obrigado por relembrar!Bjos
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