Têm dias
que levantamos da cama pela manhã e mal estamos de pé sentimos um peso no
corpo, desânimo que toma conta, tristeza que tenta chegar, o mundo parece que
está nas costas.
E comigo
acontece, às vezes luto contra isso, não me entrego, preciso trabalhar, pessoas
precisam de mim, eu preciso de mim. Já cheguei até a querer que uma pessoa fora
do meu convívio conversasse comigo, um pequeno desabafo muitas vezes ajuda, uma
palavra de encorajamento, ou simplesmente conversar um pouco, às vezes
funciona.
Alguns dias
atrás eu acordei assim: sem vontade de nada. Parece que a cama era a melhor
amiga, mesmo quando sei que não vou conseguir ficar deitada, vou procurar algo
para descarregar o que estou sentindo, também sei que vou continuar do mesmo
jeito, enfim, fui trabalhar, não adianta se lamentar, se entregar.
Às dez
horas e trinta minutos fui para o ônibus pegar as crianças que moram no sítio.
Passando em uma das estradinhas um senhor apoiado em uma bengala pediu uma
carona para o motorista para ir ao posto médico, ali estava uma pessoa de
experiência que pudesse me ouvir, foi ao contrário, o senhor começou a falar
comentando sobre a sua vida: morte da esposa que sofrera um enfarto há pouco
tempo, não andava mais como antes, precisava da bengala para se locomover,
falou sobre o fato de muitos idosos não ter quem queira cuidar, mas que ele não
se entregava, sempre com um sorriso nos lábios, ele falava.
Foi onde eu
disse: ‘Imagina eu que não tenho filhos, nem sei quem vai cuidar de mim quando envelhecer’.
E ele mais uma vez disse sabiamente: ‘Filha, hoje até quem tem filhos, nem
sempre tem quem cuide, deixe que Deus cuidará de ti, ele nunca desampara os
seus’. E mais um sorriso de ternura em um rosto tão sofrido pelas marcas do sol
tomado na lavoura.
Naquele
momento esqueci o desânimo, as lamentações, o mundo saiu das costas, porque me
senti necessária a alguém. Quem precisava da conversa naquele momento era aquele senhor e ele
nunca saberá o bem que me fez em sua experiência, persistência, no seu sorriso
terno.
Isso me
levou mais uma vez a pensar e refletir que quanto mais ajudar as pessoas,
amá-las, sermos gentis, ser humilde, visitar alguns lugares onde tem muita
gente precisando de um simples olá, não terá desanimo capaz de nos derrubar,
pois ajudar o próximo é uma das maiores dádivas que podemos ter.
Muitos de nós temos esses momentos de deprê e achamos que é sem motivo. Não sei se tristeza pode vir do nada assim. Eu acredito que tudo tenha uma razão, um porquê, talvez inconsciente.
ResponderExcluirGostei da atitude deste senhor, como ele também sou bem descrente em amparo familiar na velhice.
Gostei do seu blog, vou acompanhá-la pelo Google +, pois não tem opção de Seguidores aqui.
Um abraço.
http://umelementoneutro.blogspot.com.br